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“Desenhar contra o esquecimento”, na Assembleia da República Portuguesa

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“Desenhar contra o esquecimento”, na Assembleia da República Portuguesa

No âmbito da evocação do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, foi inaugurada a exposição “Desenhar contra o esquecimento”, da autoria do artista austríaco, Manfred Bockelmann. Organizada pela Embaixada da Áustria em Lisboa, e em colaboração com a Assembleia da República Portuguesa e a Embaixada da Alemanha, esta exposição, dedicada às vítimas do Holocausto menores de idade, ficará patente no Andar Nobre da Assembleia da República até ao dia 8 de março de 2019.

Nascido na Áustria em 1943, durante o Holocausto e no seio de uma família alemã, Manfred Bockelmann iniciou, em 2013, um processo de metacognição e de investigação relativa às crianças suas contemporâneas, mas com um destino bem diverso do seu. A pesquisa conduziu-o à descoberta de fotos de inúmeras crianças assassinadas pelos nazis e votadas ao oblívio. A partir daí, o artista desenhou os rostos mais inocentes, destacando-se o do jovem Joseph da Silva, um adolescente Luso-Francês, capturado por pertencer à resistência Francesa.

Usando carvão grosso para desenhar linhas paralelas, Bockelmann começou a criar os retratos a preto e branco que compõem esta exposição, plena de imagens poderosas, carregadas de intensidade e de luto profundo. O artista conferiu não só visibilidade aos rostos, mas também perpetuou as suas vidas através da arte. Mais ainda, neste processo, visitou o horror de Auschwitz, local onde muitos destes olhares se extinguiram precocemente e contactou com familiares das vítimas, recordando-as enquanto crianças e revivendo as suas vidas efémeras.


Retrato do jovem Erdmann Schmidt, assassinado aos 7 anos de idade,
no ano em que nasce Manfred Bockelmann

Nesta exposição, a arte apela à consciencialização, à tolerância e à solidariedade, com desenhos imbuídos do conceito aristotélico de mimeses, ou seja, a arte como imitação da vida. Constituiu-se como um processo intencionalmente catártico do artista, que deu alma a cada um dos quadros, em cada olhar, em cada detalhe. Porém, o processo de redenção a que Manfred Bockelmann deu início não se cinge a um individuo, ou a um país; ao invés, pretende-se coletivo, de todos e da Humanidade, para que a Memória perdure, e adultos, crianças e adolescentes dos nossos dias possam reter na lembrança o olhar das crianças aniquiladas em Auschwitz.

Para informações adicionais sobre a exposição, pode consultar a hiperligação aqui